Parte do processo de popularização de um termo, como UX, é ser utilizado de qualquer jeito sem critérios. Quem não chegou em uma reunião do produto online e alguém comentou que há um problema na UX do site, aplicativo ou mesmo de outros produtos.
Parte da razão por trás de tanta confusão com os designers de UX (User Experience – Experiência do Usuário) está na crescente aproximação entre as habilidades de um web designer e um UX designer. Web designers tradicionalmente lidam com a sua interface – também chamada de UI (User Interface) -, mas não há mais como esse profissional ser bem sucedido se seus projetos não levem em consideração estratégias de UX.
Um design bonito mas pouco funcional não terá um bom resultado. Nesse artigo vou listar algumas características a respeito do design de UX para que alguns mitos possam ser quebrados e o termo utilizado com mais propriedade com seus clientes e colegas de trabalho.
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UX não é só para a web
O trabalho na internet é apenas uma fração desse mundo de Experiência de Usuário – UX. Todo produto que você utiliza, design impresso que vê e mesmo lugares que você visita tem um trabalho de UX por trás. Um atendimento ruim em uma loja gerará uma experiência ruim enquanto abrir um pacote de chips facilmente será uma boa experiência.
A experiência de um usuário em um website pode parecer diferente de uma experiência de entrar em um carro ou visitar um restaurante. Mas na verdade os dois tipos de experiência seguem princípios similares em seu design.
O ser humano funciona de formas similares seja na web ou no mundo físico. A nossa percepção e atenção são direcionadas para os mesmos tipos de gatilhos e é importante que designers de UX não fiquem presos apenas em exemplos e referências digitais. A expansão dos seus conhecimentos para outros tipos de experiências trará benefícios criativos e práticos para serem aplicados nos seus aplicativos e websites.
UX não é UI
Vamos direcionar os esforços agora para essa que é possivelmente a maior das confusões. UI – User Interface – lida com o sistema que os usuários interagem. São os botões, menus e blocos. Já UX lida com as emoções geradas pelo uso do sistema. É a satisfação com a simplicidade de se conseguir realizar as vontades e objetivos dentro do sistema.
Bons designers de UX entendem sobre as emoções humanas e padrões de comportamento. Essas questões afetam enormemente como usuários irão responder ás interfaces.
UX cria um design orientado a objetivos
Todo designer já teve que lidar com clientes que querem a todo custo que uma parte seja do jeito deles. Em geral isso cria um problema pois o jeito do cliente normalmente não é a melhor forma de ajustar o design. De forma similar um designer pode achar que o seu jeito é melhor possível e não ouve para sugestões de colegas ou outros profissionais mesmo que sejam ideias melhores.
Ao contrário desses exemplos, um designer de UX tem que se orientar por soluções que buscam resolver problemas por meio de testes e efetividade provada de soluções.
Um cliente, por exemplo, pode querer colocar um link para sua página de contato logo no topo da página para gerar mais tráfego – comprometendo a beleza e estrutura do design criado. Contudo o problema aqui é a quantidade de tráfego gerado para esse link e não necessariamente sua localização. Dependendo pode ser melhor manter a estrutura bem desenhada do design inicial e apenas destacar mais o botão ou o texto chamativo que leva para a página de contato.
UX é arte e ciência combinados
O método científico está na base de como um designer de UX lida com seus problemas. Primeiramente observa-se um problema, depois algumas hipóteses são consideradas, testa-se as melhores hipóteses e por fim toma o curso de ação com melhores resultados.
Contudo, cada uma das hipóteses e soluções precisam se adequar artisticamente ao design proposto. As emoções criadas pela experiência em um website ou aplicativo não conseguirão ser plenas sem que a arte esteja envolvida. A união dessas habilidades artísticas e científicas fazem do designer de UX um profissional especial e difícil de se encontrar.
Um recurso muito utilizado é o teste A/B, mas cuidado com os famosos falsos positivos.
UX serve para os objetivos do cliente
Vez ou outra designers se encontram em um momento de alta inspiração. As cores, módulos e fontes se misturam e a criatividade flui de forma incrível. Aí quando vai ver o resultado final tem algo que é lindo e não tem nada a ver com que a marca do cliente tem como objetivo.
Esse tipo de situação muitas vezes acontece quando a parte artística se deixa levar mais do que a científica. Em primeiro lugar é importante saber que a experiência do usuário deve ser destinada para os objetivos do cliente com aquele design. Se é uma página para vendas, não adianta nada ter uma parte enorme sobre a empresa e não ter foco nos produtos.
Um bom design de UX reflete a identidade da marca, então precisa se direcionar para os objetivos do cliente.
Identificação de gatilhos de comportamento
Um bom design de UX é baseado imensamente em psicologia. Não é apenas feito de tendências, mas podem até criar novos comportamentos que levam a conversões. Mas em geral tem jeitos certos e errados de se fazer isso.
Veja as notificações, por exemplo. Elas servem para atiçar um comportamento, mas frequentemente esquecem que o comportamento precisa de tempo e esforço dos usuários. Alguns designers bombardeiam usuários com notificações em horários inconvenientes e depois não compreendem por que houve pouca interação.
A dica é pesquisar como a motivação dos usuários muda ao longo do dia e assim programar as notificações de forma adequada. Um exemplo rápido é o momento de ir e voltar do trabalho. Ao enviar uma notificação na ida do trabalho, provavelmente ela terá menos interação pois o usuários está preocupado com coisas mais importantes e se chegará a tempo. Já na volta do trabalho deverá ter mais tranquilidade para tomar as ações requeridas na notificação.
O objetivo é empoderar os usuários com soluções que vão os ajudar de alguma forma. Quanto mais um designer de UX testar com os desejos e hábitos das pessoas, mais bem sucedido será.
Faça o conteúdo liderar a interação
UX não é sobre os ícones que os usuários clicam ou as cores da página. A maior parte do que os visitantes de um site veem é conteúdo – seja escrito, imagens ou vídeos. No entanto muitos designers esquecem de conversar com o os produtores desses conteúdos para criarem estratégias juntos.
Um site bonito não serve de nada sem que haja um conteúdo forte por trás. Então no seu próximo design experimente fazer mais perguntas relacionadas com o conteúdo. Se vai fazer o redesign de um site, ele manterá a mesma voz? Qual o conteúdo que fará parte dele?
O objetivo é criar conteúdos que são fáceis de serem absorvidos e processados pelos usuários. Você quer fazer com que os usuários se sintam como se um amigo estivesse os guiando pelo website pois um amigo saberá exatamente o que é importante para eles.
Elimine elementos
A cada ano a forma como as pessoas lidam com suas telas é diferente. Quanto mais acostumadas com um tipo de interação, mais irão buscar por elementos similares em novos websites.
Ao mesmo tempo, alguns elementos passam a ser visto como antiquados e mais atrapalham a experiência do usuário do que ajudam – como um dia foram.
Estar atualizado para mudanças e sempre eliminar aquilo que não é mais interessante pode fazer a experiência de novos usuários ser muito boa. A parte de eliminação é muito importante pois a tendência, em geral, que vemos por aí é que só se adiciona blocos e partes aos websites. Eventualmente terminamos com um design lotado de pontos conflitantes. Lembrar de retirar partes do design e não só adicionar é muito importante.
Encoraja a rolagem
A rolagem das páginas faz com que os usuários cheguem mais longe no consumo do conteúdo e os convida para investir mais tempo nos websites. Quanto mais tempo investido em um site, maior a probabilidade de haver uma conversão desejada. É por isso que muitos designers adicionam seus CTA (Call to Action) no final das páginas. É o momento que os usuários estão mais comprometidos com o site.
Além disso, nos últimos anos o número de acessos pelos celulares e tablets aumentou imensamente. Nesses aparelhos a ação de rolar é muito mais comum, não necessariamente precisando haver algo que prendam os usuários logo no início para que eles rolem.
Mesmo sites que já tenham seus CTA no início da página podem encorajar a rolagem com elementos gráficos ou conteúdos que continuam depois da primeira área visualizada.
Conclusão
Você pode não ser um designer de UX, mas saber como essa área de conhecimento atua traz diversos benefícios para quem quer fazer seus designs melhores. O objetivo de um bom design é gerar boas experiências nas pessoas. Boas experiências geram conversões, fidelidade e ajudam qualquer negócio.
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